Eduardo Ramos
As chuvas escassas e espaçadas nos municípios da Região Central já resultam em R$ 1,226 bilhão em prejuízos econômicos na agricultura e na pecuária. Os números foram contabilizados e atualizados nesta terça-feira pela Emater. A maior afetada é a cultura de soja, principal grão da região com área plantada de 1 milhão de hectares, em que os danos já passam de R$ 1 bilhão.
Logo na sequência de perdas estão as plantações de arroz e milho e as pecuárias de leite e de corte, esta última, com dificuldade na manutenção da alimentação dos animais, fazendo os agricultores recorrerem à suplementação. Na manhã desta quarta-feira, Itaara completou a lista dos municípios que decretaram situação de emergência devido à estiagem e, agora, a região chega a 22.
– Nós estamos em uma situação de estiagem, e ela evoluí constantemente, dia a dia. Além dos prejuízos econômicos, também temos muitos prejuízos sociais. São inúmeras famílias do interior que estão sendo abastecidas com água com o apoio das prefeituras, da Defesa Civil e do governo do Estado, e a Emater trabalha em conjunto constantemente – informa Guilherme Passamani, gerente regional da Emater.
Prejuízos econômicos na Região:
Soja: cerca de R$ 1 bilhão
Arroz: cerca de R$ 45,648 milhões
Milho: cerca de R$ 164 milhões
Pecuária de leite: cerca de R$ 8 milhões
* Segundo dados atualizados nesta terça-feira (10) pela Emater/RS
A pouca precipitação também influencia no nível dos rios. De acordo com dados repassados pela Corsan, as duas barragens que abastecem Santa Maria estão abaixo do nível considerado normal. A barragem do DNOS, no Bairro Campestre Menino Deus, está 2,8 metros abaixo do vertedouro, e a Rodolfo da Costa e Silva, 3,2 metros abaixo do nível normal.
Em Itaara, na propriedade de Celso Ferrigolo, 67 anos, o cultivo da soja já está 50% atingido nos 30 hectares totais plantados. A expectativa, nessa época do ano, era de que as plantas estivessem com ao menos um metro de altura, mas todas estão com menos da metade disso. Segundo a previsão do agricultor, o cultivo deverá render 30 sacas, das 65 esperadas. Para ele, está é a pior estiagem desde os anos de 1960, e o principal vilão é a falta de chuva.
– As vagens foram abortadas, mesmo chovendo, a planta não tem potencial para 50%. Ela já está se comportando pior do que no ano passado. É só chuva que nos falta, temos tecnologia aplicada, mas a parte de São Pedro, que era a irrigação, não foi feita – brinca.
Celso Ferrigolo mostrando o cultivo afetado pela estiagem em sua propriedade. Foto: Eduardo Ramos
Municípios da Região Central que decretaram emergência:
Agudo
Cruz Alta
Dilermando de Aguiar
Faxinal do Soturno
Itaara
Jaguari
Jari
Júlio de castilhos
Mata
Nova Esperança do Sul
Nova Palma
Paraíso do Sul
Quevedos
Restinga Sêca
Santa Maria
Santa Margarida do Sul
São Francisco de Assis
São Gabriel
São João do Polêsine
São Martinho da Serras
Toropi
Tupanciretã
Foto: Eduardo RamosFoto: Eduardo Ramos
Ações de reabastecimento tentam conter os dados
Santa Maria
Na primeira semana de janeiro, cerca de 326 mil litros de água foram distribuídos pela Defesa Civil a mais de 1,1 mil moradores de Santa Maria. Diariamente, a equipe segue um cronograma de abastecimento, e, no total, 147 pontos já foram beneficiados, abrangendo 385 famílias.
Em 2022, a Defesa Civil contribuiu com 7,44 milhões de litros de água. Em 2021, foram 2,1 milhões de litros, e, em 2020, haviam sido pouco mais de 1 milhão de litros.
Distritos – quantidade em Litros distribuída
Arroio do Só: 12 mil
Arroio Grande: 28 mil
Boca do Monte: 29 mil
Pains: 70,5 mil
Palma: 3 mil
Passo do Verde: 90 mil
Santa Flora: 16 mil
Santo Antão: 9 mil
São Valentim: 28,5 mil
Bairros – quantidade em Litros distribuída
Camobi: 20 mil
Campestre: 6 mil
Cerrito: 2 mil
Itararé: 6 mil
Pé-de-Plátano: 5 mil
Pinheiro Machado: 1 mil
Para amenizar a falta de água nas comunidades e em bairros do município, as famílias podem solicitar o encaminhamento pelos números: (55) 3222-5192 ou (55) 99110-7940 (WhatsApp).
Jaguari
Em Jaguari, a estimativa de prejuízo já chega a R$ 45 milhões na agricultura e na pecuária. Os maiores impactos são na cultura do milho, com perda de 70% na produtividade, sendo que ao menos metade do estimado ainda não foi cultivado. A soja, cultura que representa grande porte para o Jaguari, ainda está na fase inicial, e acumula prejuízo de 25%.
De acordo com o prefeito, Roberto Turchiello, o município faz ações de distribuição de água para consumo humano e ao menos 51 famílias do Interior já foram atendidas. A plantação de fumo também foi atingida.
– Nosso município é de porte pequeno e a economia é baseada na agricultura. Nós termos duas estiagens seguidas traz, primeiro, prejuízo para o produtor, ele é o primeiro a sofrer, pois sua subsistência também vem da agricultura. O comércio também sofre, pois depende de uma agricultura forte, e, em terceiro lugar, o município também é atingido – explica o prefeito.
Após decreto de emergência devido à estiagem, Carnaval de Jaguari pode ser cancelado
Cruz Alta
A prefeitura realiza ações constantes de abastecimento de água junto à Defesa Civil. Desde novembro já foram fornecidos mais de 120 mil litros de água para consumo humano e de animais. A safra de milho sequeiro já está comprometida, e as perdas chegam a 50%, conforme levantamento feito pelo Sindicato Rural.
Paraíso do Sul
O município decretou situação de emergência na última sexta-feira (6). Devido à falta de chuvas nos últimos meses, a cidade está com falta de água potável para consumo humano e animal. A Defesa Civil de Paraíso do Sul realiza um levantamento para contabilizar as perdas na agricultura.
Dilermando de Aguiar
A situação de emergência foi decretada na última sexta-feira (6). No município, o prejuízo em função da estiagem chega a R$ 20 milhões. A falta de água também ocasiona perdas nas lavouras de soja e de milho e dificulta a criação de gado de corte e leiteiro, de ovinos e caprinos.
Quevedos
Em Quevedos, a estiagem já causa perdas na produção agrícola e redução de água potável para consumo humano e animal. Várias famílias foram atendidas em regime de urgência pela prefeitura. O município também decretou situação de emergência na última sexta-feira (6).
Santa Margarida do Sul
O déficit hídrico no município é observado desde agosto de 2022 na cidade, agravando-se nos meses seguintes. Existem prejuízos nas plantações e criações, diminuição no volume de água dos arroios e rios, mortes de peixes, perdas na produção agrícola e aumento de ocorrência de incêndios de silvicultura. A situação de emergência foi decretada no início de janeiro.
São Francisco de Assis
São Francisco de Assis decretou situação de emergência na última segunda-feira (9). O baixo volume de precipitações gerou um déficit hídrico de 490mm no município. Os danos atingem os setores agropecuário e econômico, causando perda de produtividade, atraso no início do ciclo produtivo e dificuldade na criação de animais.